segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"VITÓRIA PLANEJADA"

Jogos Mundiais Militares no RJ têm vitórias baseadas nas estratégias de provas dos países. Carla Moreno é prata no individual, Brasil ganha 4 medalhas.

A prova de triathlon dos 5º Jogos Mundiais Militares, realizados no Rio de Janeiro, teve a distância olímpica (1,5km natação/40km ciclismo/10km corrida) e foi marcada pela boa organização e por uma característica necessária a qualquer campeão: Estratégia.

Tanto o campeão da disputa masculina, o Francês Pierre Le Corre, quanto a campeã  feminina, a polonesa Agnieszka Jerzyk, tiveram suas vitórias numa mescla de físico e inteligência.


photo: Pés voadores no início da corrida

PROVA FEMININA
Com largada dada pelo tiro de canhão do Forte de Copacabana – local onde também será disputada a prova olímpica em 2016 – a natação feminina teve início às 8h05min e, como de costume em provas nacionais e até algumas internacionais, a melhor nadadora foi a brasileira Pâmella Oliveira, com a chinesa Xin Lingxiq, na cola dela cerca de 10s atrás.


photo: Pamêlla Oliveira, nossa melhor nadadora, fez excelente prova liderando a natação e o ciclismo. Na corrida teve duas penalizações de 15s e ainda chegou na 7ª colocação

Já no início do pedal, Pâmella largou Li e pedalou forte, sozinha, abrindo um minuto de diferença para o resto do pelotão. Foi uma prova corajosa e, depois revelado, até estratégica. A ideia das outras brasileiras era não atacar o pelotão e deixar Pâmella abrir. E assim aconteceu. Ela entregou a bike 1’50” à frente de suas principais adversárias.

Primeiro revés
Pâmella, durante o pedal, tomou duas punições de 15”, que foram pagas durante a corrida. A alegação da arbitragem foi de que a capixaba havia pego vácuo da moto- madrinha. “Eu fiquei chateada por que como sou da equipe do Exército e a moto era do Exército Brasileiro, eles entenderam que  eu estava tendo alguma facilidade. O que não era verdade.”, revelou Pâmella após a prova. Bem, quem gostou destas punições foi a polonesa Jerzyk que, na 3ª volta, já assumia a liderança da competição. Junto com ela vinha a experiente Carla Moreno.

photo: Carla Moreno, a melhor brasileira

Segundo revés
Carla Moreno é asmática, e tem autorização para correr com sua bombinha. Entretanto, no primeiro momento em que foi acioná-la, Carla a deixou cair no chão, ainda na primeira volta. Só parou para pegar na segunda volta, usando-a em seguida, mas como o efeito não é imediato, teve dificuldades para acompanhar o ritmo da polonesa. “Talvez este fato não mudasse em nada o resultado, mas me prejudicou. Mesmo assim estou muito feliz com medalha de prata!”, disse Carla.

photo: A polonesa Jerzyk fez a melhor corrida do dia com o tempo de 35:19 para conquistar a medalha de ouro


A polonesa  Jerzyk, acostumada a correr provas da ITU, foi bem inteligente. Nadou o necessário, se escondeu no ciclismo e, na etapa decisiva, mostrou que ainda tinha energia guardada e venceu a disputa, correndo para 35’19, a melhor do dia. Sua conterrânea, Maria Czesnik, fechou o pódio com o bronze. Elas ainda ajudaram a Polônia a vencer a categoria por equipe, onde o resultado é obtido com a soma dos tempos finais das três melhores atletas de cada país. O Brasil ficou com o Bronze. Além de Carla, fizeram parte: Pâmella Oliveira na 7ª colocação,  Flavia Fernandes na 14ª, Fernanda Garcia na 18ª, Carol Furriela  na 19ª e Vanessa Gianinni na 20ª.

PROVA MASCULINA

Numa disputa recheada de militares “famosos” por suas façanhas em provas de Ironman pelo mundo, como Marino Vanhoenacker, Frederik Van Lierde e Dirk Bokel, quem venceu o Mundial Militar foi um novato de 21 anos, que tem nome de corredor: Pierre Le Corre.

photo: Colucci, nossa esperança de "Ouro" puxou muito o pleotão e acabou cansando na corrida


O francês foi a cabeça pensante do dia. Saiu da água na frente, próximo ao brasileiro Marcus Fernandes. Esperou o pelotão do ciclismo se formar e, literalmente, não colocou a cara no vento. Tinha momentos em que era visto conversando com seus companheiros no meio do grupo. Os brasileiros optaram pela estratégia de comandar a prova no ciclismo. E não foi uma boa ideia. Segundo Juraci Moreira, 6º colocado e melhor atleta nacional do dia, “Erramos na estratégia. Fizemos força para o segundo pelotão, dos belgas (leia-se Marino e Van Lierde), não nos pegar. E pegou. Depois fizemos força para buscar dois atletas que escaparam no final do ciclismo (um francês e um italiano). E não pegamos. Resultado? Cansamos...”

photo: A dupla francesa no ataque nos 10km finais

Quem mais sentiu foi Reinaldo Colucci, um dos favoritos ao título. Ele chegou a ficar a 13” do primeiro colocado, mas sentiu o cansaço do esforço do ciclismo e caiu de produção, cruzando a linha em 9º lugar. Mesmo assim a equipe brasileira conquistou a medalha de prata por equipes. Além de Juraci e Colucci, fizeram parte: Marcus Fernandes, Wesley Matos, Kelmerson Buck e Bruno Matheus (que estava lesionado e entrou apenas para nadar e pedalar, ajudando o time nacional).

Fecharam o pódio com o francês Le Corre, seu compatriota Grégory Rouault, e o italiano Daniel Hofer. Os “Ironmans Militares” tiveram ótimos desempenhos: Marino chegou em 12º lugar, Frederik Van Lierde em 13º, e Dirk Bokel em 10º. Destaque para a participação dos veteranos Stephen Poulat, da França (uma bela prova, saiu para correr na frente depois de escapar no ciclismo - acabou sendo desclassificado por não cumprir uma penalidade) e Dmitriy Gaag, do Casaquistão, que chegou na 23ª posição.
 
photo: Dmitriy Gaag, veterano, vencedor de uma World Cup no Rio de Janeiro, voltou e  foi o 23º colocado no geral

Ao final das duas provas, o Brasil ainda beliscou a medalha de prata na categoria mista, por equipes, onde os tempos dos dois melhores homens é somado e dividido por dois. Feito isso, esse valor é somado ao tempo da melhor mulher de cada país. Resultado: medalha!

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