quinta-feira, 16 de junho de 2011

"PARA CADA ATLETA UM IRONMAN DIFERENTE"

Fonte Site: prologo.uol.com.br


Ricardo Hirch

Assunto em qualquer grupo de triatletas, a palavra Ironman envolve muito mais do que treinos e realizações. Dúvidas e teorias rondam esta prova que hoje em dia tem milhares de adeptos no Brasil e no mundo.

A grandiosidade do Ironman está muito mais no dia-a-dia do treinamento do que na prova propriamente dita. O dia da competição é uma coroação, um dia de sofrimento, determinação e garra que farão sua conquista ser mais valiosa. Agora, para coroar de vez o processo do Ironman, você deve saber que o esforço físico vai ser exigido (e muito) assim como o psicológico. Para que o triatleta não tenha surpresas e possa desfrutar de cada momento e alcançar seu objetivo, é preciso, então, treinar o corpo e a mente.

Deixe que seus questionamentos e as teorias sobre treinamento e alimentação sejam respondidos por quem o orienta. Caso não tenha quem exerça esse papel, é hora de providenciar um. Antes de encarar uma prova como essa, é recomendada a procura de um técnico para auxiliar o atleta no planejamento dos treinos e na prova. Como ele terá alguns meses duros pela frente, pelo menos uma consulta com um nutricionista será bastante bem-vinda e somará muito para que passe pelos treinos e que chegue bem para a prova.

Quem frequenta a rodinha de triatletas acaba participando, mesmo sem querer, de conversas sobre os treinos que fizeram, os que vão realizar ou os que outros colegas comentaram. Os principais assuntos acabam sendo polêmicos, pois existem diferentes linhas de treinamento para se trabalhar com uma única pessoa − basta saber qual se adapta melhor à sua rotina, ao seu corpo e ao seu histórico esportivo.

As variáveis principais são:

Volume: é grande o número de técnicos e atletas que defende a teoria de que o volume de treino não pode ser muito alto. Esse grupo acredita que na hora da prova será o dia de saber o que são 9, 10 ou mais horas fazendo atividade física. Lemos artigos em sites e revistas, nos quais atletas profissionais mencionam um baixo volume e alta intensidade. E se, de fato, seguem o que escreveram, a coisa funciona. Mas quem disse que funcionará para qualquer um? Você tem os anos de bagagem de treino que esses atletas têm para poder girar 120/150 km em treino e fazer 180 km em uma intensidade alta e depois ainda correr (e bem) os 42 km? O corpo deve se adaptar ao máximo às condições a que será futuramente submetido. Logo, se você pensa em completar a prova em 10 horas, é importante que seu corpo saiba que o que é pelo menos trabalhar sete ou oito horas ininterruptas. O triatleta campeão do Ironman do Havaí em 2005, Faris Al Sutan, mencionou em reportagens que o treino que mais gostava de fazer era o de baixa intensidade de ciclismo.

Durante 10 horas, ele gostava de girar em média 300 km com seus amigos. E mostrou seu jeito “diferente” de ser, dizendo não seguir dieta − come Taco Bell pós-treinos e provas longas −, destacando: “Quando está chovendo, não pedalo. Nem no rolo”.

Intensidade: aproveitando o exemplo anterior, como podemos almejar fazer todos os treinos fortes e estarmos dispostos para o segundo ou terceiro treinamento do dia? Como ficar bem para o treino do dia seguinte se você usou tudo (ou quase tudo) que tinha no dia anterior? Treinos curtos podem ser tão intensos como os longos. Basta planejar os dias e os treinos que possam ser desta maneira. A maioria dos praticantes trabalha e tem outros compromissos profissionais e pessoais, portanto, como estar todos os dias da semana 100% dedicado aos treinos? O trabalho pode esperar? A esposa ou seu filho não o verão por meses e quando estiverem juntos, o triatleta não terá forças para aproveitar e ganhar mais energia para encarar os quilômetros que vêm na semana seguinte?

Em 2010, tive a oportunidade de ajudar um aluno a completar seu segundo Ironman em três anos de triathlon (o primeiro foi em 2008 com o tempo de 11h21 e, o segundo, em 9h48), tendo uma rotina de treinos relativamente leve, se comparado às pessoas que completaram a prova com tempo muito superior ao dele. Três treinos de corrida, três de ciclismo e três de natação, com um dia de descanso: essa era a rotina dele. Não podemos acreditar que essa é uma fórmula mágica e que todos que a seguirem terão uma boa performance, mas é preciso lembrar que cada indivíduo tem um perfil único − o que funcionou para um aluno pode não funcionar para ele mesmo em outros momentos da vida.

De qualquer forma, se o Ironman é um de seus objetivos como atleta, confie no seu treinador, siga exatamente o que ele prescrever e acredite em você − este é o primeiro passo e sua primeira vitória.



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